Revisão de estudos destaca potencial de tratamentos modernos e a necessidade de detectar a doença em estágio inicial, quando a intervenção surte melhores resultados
Por Regiane Monteiro
Como o próprio nome sugere, a doença é caracterizada por um processo de fibrose que acomete principalmente indivíduos a partir de 55 anos, provocando cicatrizes no tecido pulmonar e promovendo uma perda de função progressiva do órgão, que não raro evolui para óbito.
Um artigo científico publicado na Revista Brasileira de Pneumologia aponta que entre 13.945 e 18,305 pessoas enfrentem esse mal no país, o que corresponde a 7,1 a 9,4 por 100.000 habitantes.
Diante da gravidade do quadro, pesquisadores italianos decidiram analisar a maneira como os especialistas lidam com a Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) na prática clínica, a fim entender de que forma a introdução de novos medicamentos no mercado pode contribuir com a qualidade de vida dos pacientes.
Publicado no periódico científico Pulmonary Pharmacology &Therapeutics, o levantamento constatou que existem diversas barreiras para o diagnóstico precoce, entre elas, a falta de conhecimento sobre a enfermidade por parte dos profissionais de saúde, com dificuldade de associá-la aos sintomas, o que impacta em atraso no encaminhamento dos pacientes para os centros de referência.
“No Brasil, temos uma realidade muito semelhante, pois também falta informação sobre a doença, o que prejudica o diagnóstico”, contextualiza o pneumologista Adalberto Rubin, da Santa Casa de Porto Alegre (RS) e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. “Nossa realidade é até pior, por limitações de acesso, em algumas localidades, à tomografia computadorizada, principal exame utilizado para identificar o problema”, complementa.
Um freio na Fibrose Pulmonar Idiopática
Ocorre que, no passado, não havia uma droga eficaz para controlar a FPI, cenário que, de acordo com o documento, teve mudanças devido à introdução recente de dois novos remédios: a pirfenidona e o nintedanibe.
O primeiro atua sobre a fibrose típica da patologia, que provoca cicatrizes no pulmão, além de atenuar o processo inflamatório. Já o segundo inibe a proliferação das células envolvidas na formação da fibrose. De acordo com o estudo italiano, pesquisas recentes confirmaram a segurança e o impacto positivo da molécula em longo prazo.
Para Adalberto Rubin, a descoberta de tratamentos capazes de desacelerar a evolução da Fibrose Pulmonar Idiopática é uma forte razão para investir em diagnóstico o quanto antes. Por isso, ele recomenda que pessoas com idade superior a 60 anos, que apresentem tosse ou falta de ar sem causa identificável, façam a sua parte e consultem um especialista.